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A praça mais caótica de lisboa

SOCIEDADE TRÂNSITO. ATRAVESSAR O SALDANHA É UM RISCO Esta é a praça mais caótica de Lisboa IS LIS Foram contabilizadas 182 pessoas a atravessar aqui, fora da passadeira, num dia útil, em apenas 45 minutos, durante a hora do almoço Diariamente, centenas de pessoas fazem travessias radicais fora das passadeiras. Quem cumpre as normas pode levar cinco minutos à espera em semáforos Há um trânsito constante de corridas, a partir da praça de táxis. Os executivos que trabalham nos escritórios da área recorrem muito a este meio de Um em cada 100 atropelamentos com mortos ou feridos graves, em 2011, ocorreu quando o peão estava numa ilha da via Porta de entrada transporte. Não há nenhuma passadeira que dê acesso à praça de táxis Durante a noite, cerca de 70% dos automobilistas A praça faz a ligação entre o centro histórico e a zona norte da cidade, através da Avenida da República. Quem vai para a Baixa vindo da periferia, através da A8 ou da A1, dificilmente pode evitar o Saldanha 9. Quem quiser atravessar a Avenida atravessam a praça em excesso de velocidade. O limite é 50 km por hora A história do túnel da República, junto praça, dentro das regras, tem de passar por 6 semáforos e 6 passadeiras Em 1982, com a quebra de bilheteira do célebre Cine-Teatro Monumental, verdadeiro símbolo e chamariz da praça, o então presidente da câmara, Nuno Abecassis, decidiu mandar abaixo o edifício e construir dois centros comerciais na praça. Durante o processo de debate e consulta pública para a requalificação da praça, alguns arquitectos e urbanistas defenderam o desvio do trânsito da superfície da praça, que deveria ser de usufruto dos peões, através de um túnel ou de novos eixos laterais 2. Os peões correm o risco de ser apanhados pelos veículos que vêm da Avenida Fontes Pereira de Melo e De manhã à noite Os escritórios e os centros comerciais estão abertos das 8h até às 24h. Isto faz com que também têm o semáforo verde aberto. Os peões apenas conseguem atravessar quando são muitos e passam em bloco 3 que muita gente trabalhe por turnos e que se gere um fluxo constante, seja nas zonas de restauração e de outras lojas, seja nas vias em redor da praça RICARDO DIAS FELNER 8. m nenhum outro sítio de Lisboa au- E tomóveis e peões convivem de forma tão violenta. Sobretudo à hora do al- moço, quando os milhares de pessoas que trabalham nos escritórios das imediações decidem ir comer. Nessa altura, é como se assistíssemos a um desporto radi- cal, com pessoas a atravessar a estrada em sprint, carros a apitar e insultos verbais. O problema pode ser medido em núme- ros. Em apenas 45 minutos, a partir das 12h30, contaram-se quase 200 travessias fora da passadeira, só na ligação da Praça do Sal- danha com a Avenida Fontes Pereira de Melo. 2 Carros vencem peões Nos semáforos que regulam o tráfego na via central da praça, que liga a Avenida da República à Avenida Fontes Pereira de O tempo da travessia, respeitando o semáforo verde Pista de aceleração Melo, em média, o sinal está aberto 80% do tempo para os veículos e 20% para os peões. Em alguns semáforos para peões, o tempo de espera chega a atingir os 96 segundos. Além desse tempo de espera demasiado longo, por vezes os peões têm apenas 11 segundos para fazer a travessia, sendo a média de cerca de 16 segundos Em volta da praça há 3 centros comerciais. Só o Atrium recebe em média 15 mil pessoas por dia, dos quais 3.300 trabalham no edifício As paragens de autocarro são utilizadas diariamente Depois de numerosas observações, a socióloga Hélène Frétigné, autora do estudo A Praça Adiada, diz que a velocidade máxima legalmente permitida só em poucos casos é respeitada. Em certas horas do dia, os semáforos abrem sequencialmente entre as avenidas da para peões, chega aos 5 minutos por 4.600 passageiros Noutros pontos, onde há passadeira, como em frente ao Centro Comercial Atrium ou na Em 2011, houve 1.625 atropelamentos com vítimas em Lisboa. Em 118 casos, o Num inquérito promovido pela CML a residentes com mais de 55 anos, 8 em cada 10 responderam que os semáforos dão pouco tempo condutor fugiu do local via central junto à Avenida da República, a tensão é a mesma. Para não ficarem retidos no semáforo vermelho, os condutores forçam a passagem, metendo-se entre dois peões, mes- mo quando estes têm o sinal verde. Em grande medida, isto acontece porque a regulação do tráfego tem como principal objectivo escoar o trânsito automóvel que quer entrar e sair de Lisboa, em direcção a norte e à Ponte Vasco da Gama, como se as- sinalou no mais profundo estudo sobre o lu- gar – A Praça Adiada – da socióloga Hélène Frétigné, publicado em 2005. O Saldanha condensa mais de 150 lojas e acima de 45 mil metros quadrados de es- Central de autocarros Há seis paragens de autocarros da Carris na praça, embora as duas vias laterais do anel sejam pouco usadas. Ao todo a praça é servida por seis linhas, em cada sentido, na rede diurna (727, 736, 738, 744, 783 e AeroBus), e uma linha da rede da madrugada (207). Os autocarros funcionam como bloqueios à visibilidade de peões, por parte dos automobilistas, e vice-versa para atravessar a rua República e Fontes Pereira de Melo, permitindo grandes velocidades. Estudos demonstram que a probabilidade de morte de um peão atropelado por um automóvel aumenta 4 Más ligações Quatro saídas de metro A estação de metro do Saldanha tem no total Nas ligações entre as saídas de metro e as paragens de autocarro, que se encontram no meio da praça, não há passadeiras adequadas em número suficiente. Para seguir o trajecto das passadeiras é preciso fazer-se um desvio de dezenas de metros drasticamente aos 40 km/h. À velocidade que se circula de automóvel nas cidades portuguesas, poucos peões sobrevivem a atropelamentos A GERTRUDE Há três dezenas de semáforos na praça. São regulados pelo sistema automático GERTRUDE, que faz a Gestão Electrónica de Regulação do Tráfego Rodoviário Urbano Desafiando Engarrafamentos. Com a ajuda de sensores, permite controlar o tráfego automóvel, em geral, e contar o número de veículos a circular em cada eixo Um terço das mortes por atropelamento acontece quando os peões estão a usar uma passadeira quatro saídas, duas bem no centro da praça, outras duas mais a norte, na Avenida da República. É servida pelas linhas amarela e vermelha 80 7 MARÇO 2013 SÁBADO 81 0.00

A praça mais caótica de lisboa

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